terça-feira, 1 de agosto de 2017

Escavações nas grutas de Quinta do Anjo, 110 anos depois

Passados 141 anos após as primeiras escavações de Carlos Ribeiro e António Mendes e 110 anos depois dos trabalhos realizados por António Inácio Marques da Costa, está a decorrer uma nova campanha de trabalhos arqueológicos nas Grutas Artificiais do Casal do Pardo, em Quinta do Anjo, sob direcção de Victor S. Gonçalves, Ana Catarina Sousa (UNIARQ, Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa) e de Michelle Santos (Câmara Municipal de Palmela). No âmbito do Dia Internacional de Arqueologia, o Município promoveu uma visita guiada ao sítio arqueológico, onde foi possível conhecer um pouco mais sobre a sua História e perceber os trabalhos em curso.


Estas grutas remontam ao Neolítico final mas foram utilizadas durante todo o 3.º milénio (3200 a 2000 antes da nossa era), tendo sido espaço sepulcral até aos finais do 3º milénio. Inscrevendo-se numa tradição arquitectónica mediterrânica, estes sepulcros são semelhantes às práticas funerárias do Megalitismo no Centro e Sul de Portugal. Identificadas e escavadas em 1876 pela Comissão dos Serviços Geológicos, as Grutas Artificiais de Casal do Pardo constituem um sítio paradigmático do hipogeísmo em Portugal, conhecido da comunidade científica europeia desde o século 19. O importante espólio recolhido nas escavações de 1876 e 1907 encontra-se depositado no Museu Geológico e Museu Nacional de Arqueologia respectivamente. Destaque para o conjunto de cerâmicas e espólio associado ao Campaniforme, contexto local de um fenómeno europeu que surge no final do Calcolítico.


Os trabalhos arqueológicos desenvolvidos pelo Município de Palmela, em parceria com a UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa e a Arqueohoje, inserem-se num programa de valorização das Grutas Artificiais do Casal do Pardo e apoio à interpretação museológica do sítio, no âmbito do projeto «PRARRÁBIDA – Valorização de Sítios Arqueológicos». Este projeto é promovido pelo Município, com financiamento do PORLisboa2020, no âmbito do PDCT-AML (Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial da Área Metropolitana de Lisboa), com o apoio do FEDER, e insere-se na Prioridade de Investimento 6.3 Valorização do Património Cultural e Natural.