segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Investimento público na rede de equipamentos sociais é urgente


     
É inequívoco o papel das instituições do setor social e solidário no apoio às comunidades, em particular, em situações de fragilidade social. Atento a esta realidade e às necessidades vividas pelos parceiros sociais do concelho, o Município de Palmela aprovou, na reunião pública descentralizada, realizada em Cajados, freguesia de Marateca, a 17 de janeiro, uma moção em que reivindica à Administração Central a disponibilização de novas medidas de apoio para a construção de equipamentos sociais para as pessoas idosas e insta o Instituto de Segurança Social a criar programas de apoio com vista, também, à criação de equipamentos sociais. No documento, aprovado por unanimidade, apela-se, ainda, ao setor bancário, pela criação de linhas de crédito especiais para as instituições sociais e solidárias.
            O texto integral da moção pode ler-se abaixo:

«Na Constituição da República Portuguesa, no Artigo 63.º, n.º 5, está consagrada a importância vital e estratégica do setor social e solidário na concretização dos objetivos de solidariedade social e na prossecução das respostas sociais. No decorrer das últimas décadas, o país viu crescer um número considerável de Instituições Particulares de Solidariedade Social, registando-se o alargamento significativo da rede de equipamentos sociais, com diferentes valências, assumindo estas uma importância social e económica de relevo junto das comunidades onde estão inseridas.
Intervindo a partir de uma relação de compromisso e de cooperação com o Estado Central, as instituições do setor social e solidário apresentam-se como um pilar fundamental na resposta às comunidades, pela sua proximidade e capacidade de resposta às situações de fragilidade social, promovendo o princípio da diferenciação positiva.
Contudo, para que estas instituições reúnam os necessários meios para dar continuidade ao seu importante papel e para que possam, ainda, responder com qualidade e de uma forma integrada à emergência de novas necessidades das comunidades, que decorrem, entre outras, do envelhecimento da população e do significativo aumento da esperança média de vida, é crucial a existência de programas de investimento e de uma verdadeira estratégia de apoio e de cooperação por parte da Administração Central.
Presentemente, urge a requalificação de uma rede existente, com equipamentos sociais entretanto construídos mas que necessitam de novos investimentos para que, dignamente, possam adaptar-se às novas necessidades das famílias, assim como é prioritária a construção de novos equipamentos sociais em zonas claramente deficitárias de respostas sociais, localizadas em territórios rurais ou periurbanos que, lamentavelmente, não beneficiaram de investimentos públicos ou comunitários.
No âmbito do programa de investimento do “Portugal 2020”, à exceção de algumas medidas de apoio, é claro o deficit de verbas disponíveis destinadas ao investimento em equipamentos sociais para o setor social e solidário, facto que é sobremaneira agravado pelas taxas de cofinanciamento aplicadas à região de Lisboa, na qual o concelho de Palmela se insere.
Esta análise encontra-se igualmente compreendida no Compromisso de Cooperação para ao Setor Social e Solidário para o Biénio 2017-2018, celebrado em 2017, que enuncia a necessidade de um programa de investimento em equipamentos sociais que faça face à necessidade de alargamento e requalificação da rede existente (p. 5).
Refira-se, também, a este propósito, que o Mapeamento dos Investimentos em Infraestruturas Sociais e na Rede Nacional de Cuidados Integrados, elaborado e revisto no ano de 2016, compreende uma leitura prospetiva do território, descrevendo analiticamente a capacidade das respostas sociais dirigidas aos diferentes grupos populacionais – crianças e jovens, pessoas idosas, pessoas com deficiência. Trata-se de um documento estratégico que, também ele, não prioriza determinadas necessidades no concelho de Palmela, concretamente, aquelas que estão relacionadas com as pessoas idosas, inscrevendo as respostas de ERPI – Estrutura Residencial para Idosos (Lar) ou de Centro de Dia com a prioridade de nível 2 e 3, respetivamente.
Assim, a Câmara Municipal, reunida em sessão pública, na Marateca, a 17 de janeiro de 2018, delibera:

- reivindicar junto da Administração Central a disponibilização de Medidas e Prioridades de Investimento dirigidas para a construção de Equipamentos Sociais para as pessoas idosas que, a par com todas as medidas e apoios existentes, de caráter imaterial, já enquadrados no âmbito do “Portugal 2020”, possam configurar-se como efetivos recursos para a qualidade de vida e bem estar das comunidades;

- reivindicar, junto do Instituto de Segurança Social IP, a particular atenção para a criação e disponibilização de novos programas de apoio para a construção de equipamentos sociais, à luz de iniciativas ocorridas no passado, como foi exemplo o Programa PARES;

- apelar ao setor bancário a particular atenção para a disponibilização de linhas de crédito com especiais condições para o setor social e solidário, regidas por critérios que transpareçam uma maior justiça social;

- mobilizar os parceiros sociais e, entre eles, todas as estruturas representativas do setor social e solidário para que, numa só voz, reclamem pelo verdadeiro reconhecimento do seu fundamental papel na prossecução dos objetivos de solidariedade social.

- enviar a presente moção às seguintes entidades:
. Assembleia Municipal de Palmela
. Primeiro-Ministro
. Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social
. Grupos Parlamentares da Assembleia da República
. Área Metropolitana de Lisboa
. Associação Nacional dos Municípios Portugueses
. Instituto de Segurança Social, I.P.
. Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal
. Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade
. União das Mutualidades
. União das Misericórdias
. União Distrital das IPSS de Setúbal
. Juntas de Freguesia do Concelho de Palmela
. Conselho Local de Ação Social de Palmela
. Comunicação social.»